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domingo

Retrospectiva 2010 do mal

2010: ano das crueldades por atacado

O ano de 2010 se encerra com um saldo pesado em notícias que chocaram a população. De tragédias naturais com milhares de vítimas a crimes aterradores, não faltaram casos para preencher as mais sangrentas páginas do noticiário.

Entre as ocorrências mais relevantes, chama a atenção a magnitude do terremoto que atingiu o Haiti – um dos países mais pobres do mundo - que provocou mais de 220 mil mortes e muito sofrimento aos que sobreviveram.
A morte por atacado também surgiu de forma intencional, como atesta a chacina de 72 imigrantes no México, incluindo quatro brasileiros, brutalizados por narcotraficantes. Assassinos frios, que agem individualmente, também chocam e causam enorme comoção na sociedade. Nesta categoria, também não faltam casos, como os de Eliza Samúdio, ex-namorada do goleiro Bruno, do cartunista Glauco e do filho dele, Raoni.
No Rio, a procuradora aposentada Vera Lúcia de Sant’Anna Gomes foi condenada a oito anos de prisão por torturar uma menina de dois anos, que ela pretendia adotar.

1. Elisa Samudio


O desaparecimento e suposta morte de Eliza Samudio, ex-namorada do goleiro Bruno, do Flamengo, chocou o Brasil e ganhou repercussão até no exterior. Ela desapareceu no início de junho, sob suspeita de ter sido assassinada a mando do próprio jogador. O caso foi parar na Justiça, que decretou a prisão de Bruno e outros envolvidos, entre eles, a mulher do goleiro e seu melhor amigo, conhecido como Macarrão.
Eliza, de 25 anos, teve um filho com o goleiro e brigava na Justiça pelo reconhecimento da paternidade da criança. Em depoimento à polícia, um primo de Bruno, menor de idade, confessou ter participado do assassinato da ex-namorada. O crime, segundo ele, teria ocorrido em um sítio do jogador, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG).
Entre os detalhes escabrosos revelados pelo adolescente, o corpo de Eliza teria sido esquartejado e partes dele devoradas por cães de guarda, numa estratégia para dificultar a localização do corpo e identificação da vítima.
No dia 30 de junho, a polícia entregou à Justiça de Minas Gerais o relatório final do inquérito. Entre as provas de que Eliza havia sido morta, foi identificado o sangue dela em um dos carros de Bruno. A outra seria a contratação do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, apontado como autor do assassinato e responsável pela ocultação do cadáver.

2. Mineiros soterrados no Chile

Resgate aos 33 mineiros

Em 5 de agosto, um soterramento em uma mina no Chile deixou 33 mineiros presos em uma galeria a 622 metros de profundidade. Por conta das obstruções, as equipes de socorro fizeram estreitas perfurações com sondas para tentar encontrar os trabalhadores.
Apenas 17 dias após o desmoronamento eles foram achados; e deram a declaração “estamos bem no refúgio os 33”, por meio de um bilhete. Eles sobreviveram racionando o que existia no refúgio, comendo duas colheres de atum e meio copo de leite a cada 48 horas.
Três túneis começaram a ser escavados para se chegar até eles. A Nasa (Agência Espacial dos EUA) contribuiu para monitorar a saúde dos homens. A previsão inicial era de que a perfuração levaria até quatro meses. No entanto, em 9 de outubro uma das máquinas concluiu o poço que permitiria o resgate.
O poço teve seu primeiro trecho reforçado com metal e em 12 de outubro os homens começaram a ser içados um a um pela sonda Fênix II, construída especialmente para esta operação.
Em 13 de outubro, após 22 horas e 30 minutos de resgate e 69 dias de isolamento, todos os 33 trabalhadores haviam sido resgatados. Transmitida ao vivo, a operação se transformou no fato mais acompanhado no mundo pela internet, vista por 5,3 milhões de pessoas.

3. Terremoto no Haiti

Desastre destrói a capital Porto Príncipe

Um grande terremoto de magnitude de 7.0 na escala Richter atingiu o Haiti no começo do ano, deixando mais de 220 mil mortos e destruindo quase toda a sua capital, Porto Príncipe. Vários edifícios desabaram, inclusive o palácio presidencial e o prédio da Organização das Nações Unidas (ONU).
A comunicação externa com o país foi prejudicada e a ajuda internacional, com alimentos, remédios, entre outros produtos, além de recursos médicos, não conseguia dar conta da quantidade de feridos e de desabrigados.
Entre os mortos foi encontrada a médica brasileira Zilda Arns, presidente da Pastoral da Criança, que dava palestra em uma igreja atingida pelo terremoto.
O Brasil foi um dos países que colaborou com a ajuda internacional, com o envio de médicos e enfermeiros, entre inúmeros voluntários.
A reconstrução do Haiti país deve demorar cerca de 20 anos, segundo estimativa do governo local e de instituições internacionais.

4. A tragédia em Angra

Deslizamentos atingiram paraísos turísticos


Uma grande catástrofe atingiu cidade de Angra dos Reis, no estado do Rio de Janeiro, no início de 2010. Foram vários deslizamentos de terra que afetaram a Praia do Bananal, Ilha Grande e Morro da Carioca, locais considerados paraísos turísticos.
Ao todo, foram registradas cerca de 50 mortes, entre elas a da filha dos donos da Pousada Sankay, Yumi Faraci, de 18 anos, e um casal de amigos dela, que ficaram sob os escombros. Eles eram estudantes de arquitetura e urbanismo da Universidade Federal de Minas Gerais e passavam férias ali. Os donos, Geraldo e Sonia Faraci, conseguiram escapar.
O trabalho da Defesa Civil foi intenso, com mais de 120 homens, entre bombeiros, integrantes das polícias Militar, Civil e da Marinha, que auxiliaram nos resgates e nas buscas. Houve também um esquema especial no Instituto Médico Legal (IML) para o recebimento dos corpos e no Pronto Socorro, no atendimento aos feridos.
A comunicação ficou bastante prejudicada, aparelhos celulares não funcionavam, sem contar a dificuldade dos familiares chegarem no local, pelo fato das estradas também terem sido atingidas pelos deslizamentos de terra.

5. Chacina no México

Massacre deixa 72 mortos

Quatro brasileiros estavam entre os 72 mortos do massacre ocorrido em agosto, emTamaulipas, no norte do México. As outras vítimas eram de El Salvador, Honduras e Equador, segundo o porta voz do Conselho de Segurança mexicano, Alejandro Poire.
Os corpos foram descobertos depois que um sobrevivente do Equador, identificado como Freddy, contou que as vítimas foram sequestradas quando tentavam chegar à fronteira com os Estados Unidos. Ele disse que os criminosos se identificaram como membros do cartel Zetas, e que o massacre ocorreu porque os imigrantes se recusaram a trabalhar como matadores de aluguel para a organização, para o qual receberiam US$ 1 mil por quinzena.
Essa foi a terceira vez em 2010 que autoridades descobrem valas com dezenas de corpos, vitimas de narcotraficantes. As suspeitas são de que esses mortos iam sendo deixados aos poucos e por um longo período.

6. Promotora é Torturadora

Mulher espancava criança que pretendia adotar

Uma menina de dois anos tornou-se vítima de tortura, praticada pela própria pessoa que tinha sua guarda e que pretendia adotá-la. A autora do crime, a promotora aposentada Vera Lúcia de Sant´Anna Gomes, de 66 anos, foi condenada a oito anos de prisão pela Justiça do Rio de Janeiro.
Empregadas da própria promotora apresentaram a denúncia de maus tratos na na delegacia de Ipanema, zona sul da cidade. A criança apresentava vários hematomas pelo corpo além dos olhos inchados. Quando questionada sobre quem havia feito aquilo, respondeu: “foi a mamãe”.
Para obter a guarda definitiva da criança, a procuradora passou por um rigoroso processo, que incluiu a participação em reuniões mensais com membros do Conselho Tutelar e profissionais da Vara da Infância, da Juventude e do Idoso. Ela também foi submetida a avaliação psicológica e uma pesquisa sobre seus antecedentes, para que ficasse comprovada sua capacidade de adoção.
Vera Lúcia Sant’Anna cumpre pena numa penitenciária da zona Oeste carioca e a criança foi levada para um abrigo não revelado, onde passou a receber assistência psicológica.

7. Mãe mata oito bebês

Francesa escondia corpos no quintal

Uma mulher francesa, de 47 anos, poderá ser condenada à prisão perpétua pelo assassinato de oito bebês. O pai também está sendo acusado pelo crime, por omissão de denúncia e ocultação de cadáver. Todos eram seus filhos. A mulher, uma auxiliar de enfermagem de nome Dominique Cottrez, confessou à polícia que os dois primeiros haviam sido mortos há 10 anos.
Dois corpos foram encontrados no jardim de uma casa que pertencia ao casal criminoso, em Villiers-au-Terre, norte da França,.
Quem fez o alerta à polícia francesa foram os novos moradores da casa, após encontrarem ossos de recém-nascidos no jardim. Os outros seis corpos estavam escondidos na residência do casal.
Ambos eram vistos pela vizinhança como pessoas atenciosas, educadas e gentis. Eles também eram pais de duas moças de aproximadamente 20 anos, que também teriam filhos.
O local, onde eles moravam, Villers-au-Tertre, é um povoado tranquilo, com cerca de 650 habitantes, e está localizado a 200 quilômetros ao norte de Paris.

8. Caso Glauco

Cartunista é assassinado junto com o filho

O premiado cartunista Glauco Vilas Boas, de 53 anos, foi assassinado no sítio onde morava, em Osasco, Grande São Paulo. Ele morreu junto com o filho Raoni, de 25 anos, ambos baleados pelo estudante Carlos Ari Sundfeld Nunes, de 24 anos, o Cadu.
O crime ocorreu em março, durante a madrugada. Cadu, que era usuário de drogas e freqüentava a comunidade religiosa do Santo Daime, mantida no local por Glauco, apareceu na madrugada na casa do cartunista e teve uma discussão com ele, que teve como consequência os disparos e a morte de pai e filho.
O estudante fugiu e acabou capturado pela polícia em Foz do Iguaçú, ao tentar fugir do país. Em depoimento, disse que foi ao sítio de Glauco com a intenção de sequestrá-lo para que o cartunista “dissesse a verdade” sobre a reencarnação de um irmão de Cadu. O pai do acusado, Carlos Grecchi Nunes, chegou a dizer à polícia que seu filho começou a apresentar comportamento psicótico depois de freqüentar a seita do Santo Daime, comandada por Glauco, e consumir chá alucinógeno, que é utilizado nas cerimônias.

9. Bala perdida atinge garoto

Estudante morre dentro da sala de aula

O confronto entre policiais e bandidos no Rio de Janeiro fez inúmeras vítimas em 2010. Uma delas foi o menino Wesley Guilber de Andrade, de 11 anos, atingido por uma bala perdida de fuzil, dentro da sala de aula, no CIEP Rubens Gomes, em Costa Barros, subúrbio do Rio.
O fato ocorreu em julho de 2010 e, segundo a perícia feita pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), a bala não saiu da arma dos policiais. O fato gerou revolta entre pais e professores. Dias depois do ocorrido, os familiares do menino anunciaram que deixariam o Rio de Janeiro.
O Sindicato dos Profissionais da Educação do Rio que já havia encaminhado um dossiê ao Ministério Público pedindo segurança naquele CIEP e em outras 150 escolas, anunciou que processaria a prefeitura por omissão.
No CIEP Rubens Gomes estudam crianças com idade entre oito e 14 anos, que disseram estar habituadas a cenas horripilantes como exposição de cadáver, fuzilamentos e exibição de armas. A maioria mora em regiões próximas ao local onde ocorreu a operação que vitimou o garoto Wesley.

10. Tiroteio no Rio de Janeiro

Traficantes invadem Hotel Intercontinental

Criminosos invadiram o hotel InterContinental, em São Conrado, no Rio de Janeiro, na manhã do dia 21 de agosto, e promoveram troca de tiros com a polícia. A ação provocou uma morte, de uma mulher supostamente envolvida com o tráfico, e quatro policiais ficaram feridos.
Tudo começou, segundo a polícia, depois que um “bonde” de traficantes da Rocinha voltava da favela do Morro do Vidigal. Eles se encontraram com policiais do 23º Batalhão da Política Militar do Rio, que fica no Leblon. Foi quando começou o tiroteio, que durou cerca de dez minutos. Na fuga, dez criminosos entraram no hotel e fizeram 35 reféns. Todos eles acabaram presos.
A ação ocupou toda a manhã daquele sábado. Só de negociação com o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) foram quase duas horas. Até a mãe de um dos bandidos foi chamada para convencer o filho a se entregar.

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